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sábado, 29 de setembro de 2007

QUANTA MÁGOA


Torcedores revelam suas mágoas
GLOBOESPORTE.COM dá espaço para botafoguenses contarem como viram a tragédia
GLOBOESPORTE.COM No Rio de Janeiro

Gritos, xingamentos, chutes, socos, cada torcedor tem sua maneira de interagir quando seu time do coração está jogando. Os botafoguenses, na derrota para o River Plate, na quinta-feira, tiveram muitos motivos para esbravejar com a dolorida eliminação da Copa Sul-Americana. O GLOBOESPORTE.COM ouviu o relato de alguns destes fanáticos pelo Glorioso.
O jornalista Eduardo Santos, de 43 anos, resumiu seu sentimento como uma grande impotência diante da tragédia. Ele lembrou do histórico de partidas decisivas perdidas pelo Bota neste ano quando estava em vantagem no placar.

- A sensação foi parecida com a que eu tive em uma derrota para o Vasco de sete. O sentimento foi de impotência, e isso é a pior coisa que existe. Estava previsível, depois fiz um levantamento das amareladas do time neste ano. Sempre esteve na frente do placar e deixou virar. O que tem de sobra no Flamengo falta ao Botafogo. O time deles (Fla) por ser horroroso, mas faz o gol e cresce na partida, ao contrário do Botafogo. É histórico. Qual é o estímulo de chegar na Libertadores? - desabafa.
Não são só os anônimos que sofrem com o Glorioso não. O ator Stepan Nercessian ainda está incrédulo. Aparentando muito desânimo, ele espera que a mudança no comando devolva a confiança aos jogadores.
- Foi um muito triste, muito chocante. Ainda não acreditei, estou muito desanimado. Acho que tem que mexer no comando do time mesmo. Tem que acabar essa síndrome de que o time não consegue manter o resultado quando está na frente - afirma o ator.
Homem ou mulher, o sofrimento parece ser o mesmo. Fernanda Lutzer, 24 anos, lembrou das oportunidades perdidas pelos atacantes alvinegros.
- Nossa, quase chorei. Assisti junto com o meu pai e meu irmão. Foi um xingamento só lá em casa no quarto gol deles. Achei que os jogadores deram mole, o que foram aqueles gols perdidos pelo Dodô e Jorge Henrique. Estou achando que os botafoguenses vão protestar muito ainda - diz a estudante.
Alexandre Gonçalves Santos, 36 anos, tem um estilo mais radical. Ele, que assistiu a partida em um bar, deu uma sugestão aos dirigentes do Bota: largar os jogadores na Argentina.
- Fiquei parado, sem reação ao lado do garçom. Seu eu fosse o Bebeto deixava os jogadores lá na Argentina, para voltarem a pé - dispara.
Mesmo os torcedores mais acostumados a sofrer com o Fogão não conseguiram assimilar esta derrota. Flavio Krok, estudante de 24 anos, precisou sair de casa para acalmar os ânimos.
- Saí de casa transtornado, minha mãe até perguntou se eu não estava passando mal, mas ela já está acostumada comigo em dia de jogo do Botafogo. Aquilo não podia acontecer, daquele jeito não. Só voltei para casa uma hora depois. Saí porque eu ia quebrar meu quarto se ficasse. Precisava de uma cerveja - lembra

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HISTÓRIAS DE TORCEDOR!

Uma frase muito utilizada pelos militares e politicos diz que "não há glória sem luta". Se tiver que adaptá-la para nós, botafoguenses, diria:"Não há glória sem sofrimento".Corremos o risco de ficar mal acostumados com Garricha e Nilton Santos , quando os resultados vinham sem sofrimento.Mas mesmo eles , como que atentos observadoresda sina em branco e preto , nos davam um período para sofrer.Assim foi entre 57 e 61 e entre 62 e 67. Mas, depois, não precisavam exagerar! Foram quase duas décadas de sofrimentos sem glória. As vezes já prontos para digerir, vinha uma mãozinha boba e derramava o leite da vitória, como em 71.Por isso,a natural e exagerada superstição alvinegra. Natural pela lógica do sofrimento. Exagerado, porque é uma superstição móvel: se uma não dá certo, troca-se por outrae vai-se em frente até a próxima vitória ou a próxima derrota. Na época das vitórias, as camisas que deram certo andam quase sozinhas pelo rigoroso excesso de uso e pela inprescindível não lavagem. Na derrota a camisa engomada pelo suor vai para o lixo com a maior facilidade.SE perguntar a qualquer um de nos se quer ser diferente, a resposta é não.Uns dizem que é muito chato não sofrer. E argumentam: "E como ver um filme pela segunda vez." Se perguntar a qualquer um de nós por que superstições móveis e transitórias, a resposta vem pronta"É bom, é mágico." Imaginem como é bom pensar que o esforço do adversário é inútil frente à camisa não lavada ou a um amuleto apertado na mão.A Torcida do Botafogo, neste sentido, é a única que participa jogando com o time e não apenas torcendo. O adversário chutou por cima da trave não porque a marcação era boa, ou porque tenha errado, mas porque o amuleto mágico entrou em campo e descolou levemente o bico da chuteira.É este mundo mágico de vitórias gloriosas e sofridas que nos dá prazer. O Botafogo não é o melhor ou pior. É diferente. Como ? Quem foi o responsável pelo Campeonato Brasileiro de 95 ? A resposta é fácil: uma concentração de amuletos e manias embargadas no avião do presidente da FIFA que vinha para o Brasil. O doutor Havelange trazia dois jogadores brasileiros que estavam na Suiça: Luiz Henrique e Túlio. De longe, o melhor currículo era do jogador da seleção brasileira, o Luiz Henrique. Era lógico para todos, menos para nós. O Túlio teve seu percurso desviado e acabou artilheiro absoluto. Mas há uma superstição que vive no Botafogo desde sempre: só seriamos campeões se tivéssemos um ex-jogador do Flamengo. Terminado o jogo com o Santos, fim do nosso sofrimento e início da nossa glória , encontrei um grupo que urrava: "Obrigado, Flamengo, mais uma vez." Curioso perguntei por quê ? A resposta não tardou: "Mais importante que ser campeão é a escrita funcionar ." Fomos campeões com Gotardo, como tínhamos sido em 57 com o Servilio, ou em 61/62 com o Jadir e em 67/68 com o Paulo Cesar e o Gerson. Aos berros o grupo concluiu: "Graças a Deus, graças a Deus, a escrita funcionou."Cesar MaiaPublicado no jornal "OGLOBO" de 28/12/1995 UENSES: TORCEDORES